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Percepções

As muitas maneiras de falar em prol da segurança do paciente

Por que isso importa

“Falar requer deliberação e, geralmente, um certo grau de coragem.”


Quando vi os resultados de pesquisas recentes com pacientes em oito hospitais em Maryland e Washington, DC, não fiquei surpreso. Quase metade dos pacientes que responderam disseram que tiveram um problema durante sua estadia no hospital, e 30% dos que tiveram um problema nem sempre se sentiram confortáveis ​​em falar sobre isso.

Como médico e líder de segurança, há muito tempo aconselho profissionais de saúde, pacientes e líderes sobre a importância de falar quando algo parece não estar certo. Na minha própria vida, tanto pessoal quanto profissionalmente, estive na posição de supervisionar o cuidado de outra pessoa e precisar falar em situações desconfortáveis. Sei que não é fácil.

Com o Dia Mundial da Segurança do Paciente se aproximando em 17 de setembro, tenho refletido sobre o desafio da Organização Mundial da Saúde (OMS) de “Falar pela Segurança do Paciente” e quão amplamente ele se aplica ao trabalho de melhoria. Embora o chamado para falar frequentemente se refira a situações que exigem ação imediata, passei a acreditar que também é essencial para muitas das histórias que ouvimos sobre iniciativas de segurança ao redor do mundo. Falar não é necessariamente sobre um momento de “parar a fila”; também se aplica quando uma situação se desenvolve a um ponto em que alguém é movido a agir.

Um exemplo recente é o trabalho que está sendo feito no Brasil para reduzir infecções. Vários hospitais filantrópicos, em colaboração com o Ministério da Saúde, assumiram o desafio de reduzir infecções em unidades de terapia intensiva em 50% ao longo de 18 meses. O projeto Saúde em Nossas Mãos mostrou até agora resultados surpreendentes, com infecções gerais reduzidas em mais de um terço em apenas um ano de trabalho. As equipes envolvidas estimam que cerca de 978 vidas foram salvas como resultado.

Mas além dos detalhes técnicos de prevenção de infecções, falar abertamente, em certo sentido, tem sido um fator-chave no sucesso do programa. Francisco de Assis Figueiredo, Secretário de Saúde do Ministério, disse recentemente que o Brasil deve superar uma “cultura de não disseminação de conhecimento”. Ao trabalharem juntos e compartilharem o que aprenderam, esses hospitais e o Ministério estão falando coletivamente para identificar problemas, bem como soluções eficazes.

Da mesma forma, um projeto em uma clínica sul-africana mostra como falar sobre um problema está no cerne do trabalho de melhoria e de manter os pacientes seguros. A equipe da clínica descobriu que, com bastante frequência, os pacientes recém-diagnosticados com HIV vinham à clínica, mas saíam antes de ver uma enfermeira. O gerente da clínica reuniu todas as partes interessadas para mapear o processo e identificar lacunas que impediam os pacientes de receber cuidados. Como parte desse trabalho, um comitê comunitário identificou preocupações da perspectiva dos pacientes, dando voz àqueles que geralmente relutam em falar. A equipe desenvolveu um processo mais simplificado do diagnóstico ao tratamento e sustentou o trabalho em parte por meio de melhorias na comunicação com os pacientes.

Como falar é diferente de simplesmente comunicar? Falar requer deliberação e, geralmente, um grau de coragem. Essa coragem assume diferentes formas, seja um paciente questionando a necessidade de um teste, uma enfermeira sinalizando uma contraindicação de medicamento ou um gerente de segurança trazendo dados abaixo do padrão para a atenção de um líder.

Falar também permite o aprendizado. Essa é a filosofia por trás da campanha Learn Not Blame no Reino Unido. Um grupo de médicos — movidos a falar depois que um colega foi severamente penalizado após um erro médico — iniciou a campanha para estimular a mudança cultural dentro do Serviço Nacional de Saúde. Eles estão buscando uma cultura justa, removendo a ameaça de punição e, em vez disso, permitindo que os clínicos aprendam quando algo dá errado.

Ao chamar a segurança do paciente de prioridade global de saúde e criar o Dia Mundial da Segurança do Paciente, a OMS e os estados-membros estão se manifestando para reconhecer que — mesmo enquanto fazemos progressos importantes em segurança ao redor do mundo — ainda há muito que precisa ser abordado para eliminar danos na assistência à saúde.

Como você fala em prol da segurança do paciente?

Tejal K. Gandhi, MD, MPH, CPPS, é Diretor Clínico e de Segurança do IHI.

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